O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos:
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de
aço e carvão
nas oficinas escuras
-porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas"
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira
*Ferreira Gullar tem como temáticas a denúncia social e a miséria, teve destaque no engajamento político na década de 60, tendo escrito o poema "Não há vagas" em 1963.
domingo, 24 de fevereiro de 2008
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Um comentário:
prof. gabi! pra mim que sou leiga vai ajudar bastante... :)
continua com o blog, hein?
e visita o meu: http://freudentenderia.wordpress.com
beijão,
thais
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